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Oceano

Overtone Chanting — O Canto Harmônico
Cecilia Valentim

Fev 09, 2022

“Uma noite, em 1433, o Lama Tibetano Je Tzong Sherab Senge teve um sonho revelador. Nele, ouviu uma voz que jamais tinha ouvido: era grave, incrivelmente profunda, um som que não parecia humano. Combinado a esta voz, havia uma segunda, aguda e pura, como a voz de uma criança cantando.Estas duas vozes, totalmente diferentes, tinham a mesma origem, que era ele mesmo. No sonho, Je Tzong é instruido a incorporar este canto especial em suas práticas de meditação. Foi–lhe revelado como um canto que integra os aspectos femininos e masculinos da energia divina, uma voz tântrica que une todos os cantos na rede da consciência universal” (Jonatham Goldman, Healing Sound).

 

Esta é uma das histórias contadas sobre a origem do Canto Harmônico. Atualmente, sabemos que este tipo de canto é uma prática secular em diversas tradições e que, provavelmente, os tibetanos a encontraram na Mongólia e na Sibéria, quando o budismo tibetano lá aportou. Sabemos também que era uma antiga prática entre os pastores nórdicos para pastorear suas ovelhas, e ainda o é entre os aborígines australianos e os índios brasileiros, que a utilizam em rituais, como forma de acessar o mundo espiritual.
 

Uma Visão Geral

O Canto Harmônico torna audível o espectro natural das frequências que compõem cada som. É uma forma de canto onde se pode cantar simultaneamente uma nota (fundamental) e seus harmônicos, selecionando os e amplificando-os por meio de uma técnica simples e específica. São altas frequências que flutuam acima do som fundamental emitido pelo cantor. A técnica envolve a criação de uma determinada cavidade acústica dentro da boca, dada pela língua, pelo abaixamento da laringe e o uso de uma sequência de vogais que configura e seleciona harmônicos específicos. Alguns cantores, em especial em Tuva, região da Mongólia, são capazes de cantar de cinco a seis freqüências acima da nota fundamental, simultaneamente.

 

O Poder do Canto Harmônico

Estudos acadêmicos iniciais sugerem que cantar em geral, mas, principalmente cantar os harmônicos, modula as ondas elétricas do cérebro, leva a uma maior coerência cerebral e amplitude das ondas Alpha e Theta, semelhante aos estados de meditação, abrindo as portas para outros níveis de consciência. Estudos empíricos mostram que cada vogal e cada harmônico vibra em um determinado chackra. São altas frequências que ressoam em nosso organismo, em cada centro energético sutil do nosso corpo, transformando a dissonância em consonância. Encontramos referências a isto em textos do Budismo Tibetano e entre os Guaranis, que em sua tradição, consideram o humano um Tu-py, ou seja, flauta em pé, afinada a partir dos tons essenciais do ser, tons que participam de todos os seres, assim como a série harmônica compõe todos os sons e cada som é uma determinada composição de harmônicos. Eis a sequência de vogais encontrada em ambas as tradições: Y, U, O, A, E, I. Nesta sequência, cada vogal se refere a um chacka, a partir do chacka da raiz. No sétimo chacka, , no topo da cabeça, reside o silêncio. (A prática de entoar as vogais como caminho para o êxtase ou iluminação também é encontrada nos textos sacros Hebreus e Bizantinos)
 

A Prática

O Canto Harmônico amplia o espectro de percepção vocal, auditivo, corporeomental, e leva a um estado de liberdade, pacificação interna e bem- aventurança. É uma prática espiritual que permite que nos conectemos profundamente com nossa vibração original e “limpemos” as vibrações que não nos pertencem e, assim, estar em nossa freqüência, sendo puramente quem somos, o que é vital para este instante do Planeta e para todos os seres que aqui vivem.

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